quarta-feira, 12 de março de 2014

Dia da Mulher: conheça a 'mãe' do automóvel

Bertha Benz, esposa do fundador da Mercedes, foi a primeira testadora de carros da história

Diego Ortiz



Mercedes/Divulgação
Bertha Benz antes do casamento em 1872

Muitos machistas por aí dizem que carro e mulher não combinam, a não ser que seja no banco do carona. Mal sabem eles que o primeiro piloto de testes da história foi uma mulher e, ainda mais, que se não fosse por ela, a incrível Bertha Benz, o automóvel provavelmente demoraria muito a se popularizar.

Bertha Ringer (nome de solteira) nasceu em 1849 em Pforzheim, na Alemanha. Ela ficou noiva de Karl Benz em 1871 e usava o abundante dinheiro de sua família para investir na oficina de criação dele. Mesmo prontos para se casar, Bertha e Karl postergaram a data do enlace pois, pelas leis da época na Alemanha, uma mulher casada não podia administrar a herança da família ou ter um negócio próprio.



Após algumas invenções de Benz saírem do papel e começarem a engrenar na cidade de Mannheim, os dois se casaram em 20 de julho de 1872. Quatorze anos mais tarde, Benz montou, com a ajuda de Bertha, o primeiro Patent-Motorwagen, sua quinta maior invenção. As quatro primeiras foram Eugen, Richard, Clara e Thilde, os primeiros filhos do casal - Ellen nasceu em 1890.

Em 29 de janeiro daquele mesmo ano, Benz conseguiu a patente de número 37435 e se transformou no pai do modelo que passou a ser considerado o primeiro automóvel feito no mundo. Mesmo com a imensa importância histórica de hoje, o Patent-Motorwagen não se converteu em sucesso quando foi lançado, em 3 de julho de 1886. Faltava um algo a mais, que se materializou dois anos depois, pelas mãos e pés de Bertha.



No dia 5 de agosto de 1888, a esposa de Karl, juntamente com os filhos Richard e Eugen, de 14 e 15 anos, respectivamente, sai acelerando os 0,9 cv a 400 rpm do motor monocilíndrico de quatro tempos do Patent-Motorwagen 3 sem avisar o marido e as autoridades locais em uma intrépida aventura de 104 quilômetros na região de Baden, até a casa de sua mãe.

A ideia de Bertha era mostrar ao mundo a funcionalidade do automóvel. Mas não foi nada fácil. O combustível usado pelo motor era a ligroína, solvente derivado da benzina que Bertha comprou em farmácias, um tipo de loja que pouco comum na época. O tubo de combustível ficou entupido e teve de ser desobstruído com a ajuda de um grampo de cabelo. Já a liga de uma meia foi usada para isolar o curto circuito de um fio.



E a aventura teve mais peripécias. Na metade do caminho, já muito cansada, Bertha entrou para a história novamente ao criar o conceito da lona de freio, após ter um problema de desgaste no sistema de frenagem do carro.

Com base nos relatos da esposa após a volta da viagem de quatro dias, Benz fez melhorias no carro. E a história da aventura da primeira piloto de testes do mundo levou uma multidão à oficina de Karl, dando início a uma revolução que ficou conhecida como indústria automobilística.

Para aqueles que discordam do ditado que prega que "por trás de um grande homem sempre há uma grande mulher", a história de Bertha Benz é a personificação disso. 
Jornal O Estado de S. Paulo

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