terça-feira, 6 de março de 2012

Malcolm X

Malcolm X foi um popular e polêmico líder do movimento negro nos Estados Unidos, mas vários aspectos de sua vida e de sua luta política continuam nebulosos. Até mesmo o seu assassinato ainda é envolto em mistério e ninguém descobriu quem de fato o tramou. Essas dúvidas e a suspeita de que muito do que se conhece sobre Malcolm X é fruto daquilo que os órgãos de segurança quiseram que fosse divulgado levou a Universidade de Columbia, de Nova York, a criar um projeto ("The Malcolm X Project at Columbia University") para estudar a vida e a importância do ativista.

Filho de um pastor que foi provavelmente assassinado por brancos racistas, Malcolm X tornou-se muçulmano enquanto cumpria pena por roubo na prisão e, durante boa parte de sua militância, pregou a segregação entre negros e brancos e atitudes radicais e violentas, incluindo a luta armada contra a população branca nos Estados Unidos. Suas propostas se opunham ao movimento pacífico e integracionista de Martin Luther King Jr., o mais importante líder na luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos nos anos 1960.

Malcolm X conviveu com o racismo e a violência dos brancos contra os negros desde a infância, o que fez sua família fugir de cidade em cidade e, mesmo assim, não evitou que seu pai acabasse morto e sua mãe internada por conta de um colapso mental. No final da adolescência, ele aderiu à vida criminosa o que lhe rendeu uma pena de dez anos de prisão. Foi nesse período que conheceu a Nação do Islã, uma organização de negros muçulmanos que propunha que brancos e negros vivessem em países separados e associava o racismo ao Cristianismo. Ao sair da cadeia, com um discurso agressivo e uma personalidade carismática, ele tornou-se rapidamente um dos expoentes da organização e em pouco tempo virou seu porta-voz.

Mas quando resolveu peregrinar para Meca, na Arábia Saudita, para realmente tornar-se um muçulmano, ele viu de perto que o Islamismo não pregava a separação entre brancos e negros, pelo contrário. De volta aos Estados Unidos resolveu desmascarar o discurso racista e segregacionista da Nação do Islã e adotou as ideias da esquerda internacional pregando que o socialismo era a verdadeira saída para a opressão e a pobreza da população negra na América. Muitos atribuem o seu assassinato, durante um discurso no Harlem, a um plano da Nação do Islã para eliminá-lo, e apesar de um dos assassinos ser membro da organização as investigações não produziram nenhuma evidência que mostre o envolvimento da Nação do Islã com o caso.

Black Power e Panteras Negras

O discurso político de Malcolm X, que bradava o orgulho de ser negro e não descartava o uso da violência na luta pelos direitos civis da população negra, inspirou o movimento Black Power e abriu o caminho para o surgimento do Partido dos Panteras Negras. O Black Power foi um movimento filosófico que defendeu o orgulho racial de ser negro e incentivou a população negra a obter controle das instituições que afetavam o seu cotidiano. A frase "black power" (poder negro) foi usada pela primeira vez em 1966 por Stokely Carmichael, líder do Comitê Estudantil pela Não-Violência (SNCC, na sigla em inglês). O "black power" era exercido de diferentes maneiras, como em atos de desobediência civil, no estabelecimento de negócios com proprietários negros, na pressão sobre escolas e universidades para implantarem programas de estudos da cultura negra e apoiando políticos negros nas eleições. Um dos filhotes do Black Power foi o Partido dos Panteras Negras para Auto-Defesa, uma agremiação política revolucionária fundada em 1966 por Huey Newton e Bobby Seale. A proposta original do partido era a formação de milícias de negros nos guetos das grandes cidades para proteger a população da violência policial. Seu projeto político marxista propunha armar toda a população negra na América e libertar todos os prisioneiros negros e exigia o pagamento de uma indenização para compensar os séculos de exploração de todos os negros pelos brancos. Os Panteras Negras envolveram-se em vários conflitos com a polícia e foram acusados de vários ataques violentos na Califórnia, Nova York e Chicago.
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