sexta-feira, 3 de junho de 2011

Livro sustenta que Hitler não se matou


Ultramar Sul — A Última Operação Secreta do Terceiro ReichMais um livro discute a possibilidade de, ao “escapar” do cerco dos Aliados, notadamente soviéticos, ingleses e americanos, o líder nazista Adof Hitler e sua mulher, Eva Braun, terem se refugiado na Argentina. “Ultramar Sul — A Última Operação Secreta do Terceiro Reich” (Civilização Brasileira, 489 páginas, tradução de Sérgio Lamarão), dos pesquisadores Juan Salinas e Carlos De Nápoli, é uma obra cautelosa, ao contrário de “El Exílio de Hitler” (Ediciones Absalón, 493 páginas), do jornalista argentino Abel Basti. Este é peremptório: Hitler morou na Argentina, na região da Patagônia, ao lado de Braun. Os dados de Basti não avalizam sua conclusão. Salinas e Nápoli, ainda que admitam que Hitler, Braun, Martin Bormann, Heinrich “Gestapo” Müller podem ter morado na América do Sul (e citam que Walter Rauff radicou-se no Chile), escrevem: “Nada se sabe ao certo sobre o destino de Hitler. (...) Nada de novo se sabe sobre a identidade dos dirigentes nazistas desembarcados em costas patagônicas durante a fase final da operação. (...) Ainda que com as informações disponíveis não pareça sensato acreditar que Hitler e seus próximos tenham podido viajar naqueles U-Bootes [submarinos], ninguém sabe o quê ou quem desembarcou nas praias de Miramar ou Mar del Sur. (...) Embora a Operação Ultramar Sul tenha sido originalmente concebida para a fuga de Hitler, parece pouco factível que ele e sua mulher tenham chegado à Argentina nos U-Bootes que aportaram no país, aberta ou clandestinamente, em meados de 1945”. Mas “chegaram às costas da província de Buenos Aires ou da Patagônia pelo menos outros três submarinos, dois dos quais desembarcaram clandestinamente perto de Necochea. (...) Tudo indica que foram cerca de seis os submarinos que atravessaram o equador em sua viagem para o Sul e não menos de quatro chegaram às costas argentinas. (...) Chegaram a terra firme uns 80 camaradas, alguns dos quais pareciam ser altos dirigentes do regime deposto”.

Salinas e Nápoli seguem Basti, ainda que sejam mais comedidos, e garantem que Hitler e Braun não se mataram. O suicídio foi uma “farsa”. Como Basti, citam material da época, como despachos de agências, e bibliografia em geral não muito recomendada por historiadores equilibrados, como Ian Kershaw e Antony Beevor. Gleen B. Infield e Patrick Burnside são as principais fontes de Salinas e Nápoli. A tese é a mesma de Basti: Hitler teria escapado para a Espanha e, daí, para a Argentina. Com o consentimento de americanos e, especialmente, do primeiro-ministro inglês Winston Churchill, que, com a derrota alemã, queria “usar” a inteligência dos nazistas contra os comunistas de Stálin. Salinas e Nápoli consideram o exílio argentino, mas sugerem que Hitler pode ter se escondido nos Alpes.

Os submarinos alemães levaram para a Argentina “parte da cúpula nazista, com os restos do ouro e dos bens rapinados”. Transportavam também dinheiro, material estratégico e pessoal técnico. Alguns alemães trabalharam, em seguida, no governo argentino, tendo como aliado o eminência parda e, depois, presidente Juan Domingo Perón.

Os pesquisadores notam que o cruzador Bahia, do Brasil, “foi torpedeado”, em 4 de julho de 1945 (dois meses depois do fim da Segunda Guerra Mundial), “possivelmente pelo submarino U-977. O comandante Garcia D’Ávila e seus desventurados homens (...) não morreram por serem incapazes e incompetentes, mas sim devido a um ataque pérfido e traiçoeiro”. Quatro radiotelegrafistas do Bahia eram norte-americanos e morreram juntos com os brasileiros. O governo americano convenceu o governo brasileiro a rejeitar a tese do torpedeamento.
Revista Bula

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