domingo, 1 de maio de 2011

Em nome da cruz

Conheça a história de sangue e fé das Cruzadas, mais um capítulo marcante do passado que ganha vida no cinema

Juliana Tiraboschi

divulgação
"Cruzada"
Filme retrata seis anos de domínio ocidental em Jerusalém

Apegaram-se à cruz em vários países e reinos, França, Inglaterra, Flândria e Alemanha, uma grande multidão de cristãos inflamados pelo amor aos céus. De todos os lados surgiam exércitos com suas riquezas e posses, pertences de suas casas e armas necessárias em seu caminho a Jerusalém." Esse trecho de um relato do cronista Alberto de Aacnhe, escrito no século 11 e reproduzido no livro "Kidush Hashem: crônicas hebraicas sobre as Cruzadas", confirma que não é de hoje que Jerusalém é disputada por sua condição de berço das religiões cristã, muçulmana e judaica. Muito antes dos choques atuais entre israelenses e palestinos, um outro conflito de quase 200 anos marcou a luta pelo domínio da Terra Santa e é tema central do filme "Cruzada" (Kingdom of Heaven), que estréia mundialmente no dia 6 de maio.

Definida por alguns como a "expressão do barbarismo e fanatismo medievais" e por outros como "a vitória da civilização ocidental cristã sobre o Oriente bárbaro", essa disputa na região da Palestina não pode ser descrida por nenhuma dessas frases sem cairmos numa análise reducionista. É verdade que os cristãos foram capazes de promover massacres sangrentos contra árabes, turcos, judeus e até mesmo contra outros cristãos, ortodoxos, e também é certo que os árabes muçulmanos não eram um povo ignorante como acreditava a maioria dos europeus na época. Muito pelo contrário, no século 11 eles já haviam atingido grande desenvolvimento em áreas como a matemática, a astronomia, a medicina e a química.

Porém, reduzir as Cruzadas a apenas uma chacina promovida pelos cristãos também seria muito simplista, já que elas representaram muito mais que isso. Na Jerusalém controlada pelo povo árabe, os cristãos e judeus da cidade sempre tiveram liberdade para praticar suas religiões. O choque começou quando os turcos seljúcidas, recém-convertidos ao Islã, chegaram à Cidade Santa em 1076 e, ao contrário dos árabes, se mostraram intolerantes com seguidores de outras religiões.

Surto populacional

A contagem do número de Cruzadas realizadas entre 1095 e 1291 varia um pouco entre os historiadores. Mas isso é mais um recurso didático do que uma divisão incontestável. "Havia um fluxo constante de peregrinos, armados ou não, em direção a Jerusalém. Mas não se pode negar que em certos momentos aquele fluxo se intensificava", explica Hilário Franco Jr. no livro "As Cruzadas". A numeração clássica aponta oito cruzadas, que vão de 1099 a 1291, ano em que Acre, o último território na Síria controlado pelos cristãos, cai em mãos muçulmanas.

Para entendermos como o contexto histórico favoreceu o início das Cruzadas, é preciso compreender primeiro como era a sociedade feudal na Europa. Após as invasões de povos bárbaros na Europa Ocidental e da queda do Império Romano, o continente foi se fechando em feudos. Nesses territórios, o senhor feudal era soberano e toda a produção era voltada para a subsistência de cada feudo. Isso marca uma transição entre uma economia predominantemente mercantil para uma essencialmente agrária. Com a drástica diminuição das transações comerciais com o Oriente e um maior isolamento, cai também a quantidade de epidemias e pestes. O fim de invasões estrangeiras e grandes batalhas, assim como a abundância de recursos naturais, favoreceram uma explosão demográfica na Europa, causando um aumento no desemprego e uma tensão social. A população da Europa Ocidental passou de 18 milhões de indivíduos no ano de 800 para quase 26 milhões em 1100. Sem esse contingente populacional talvez as Cruzadas jamais tivessem existido, já que não haveria guerreiros suficientes nem a motivação dos mais pobres de partirem para a Terra Santa. Além disso, com o surto populacional havia cada vez menos terras disponíveis. "Assim, é natural que a pequena nobreza sem terra ou com escassos recursos visse nas Cruzadas uma possível fonte de riquezas", relata Hilário Franco Jr.

O centro do mundo
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O Império Bizantino era formado por uma mescla de culturas e povos, com predominância do grego. Nasceu como Império Romano do Oriente, quando no ano de 330 Constantino I transferiu a capital do Império Romano para Bizâncio, que passou a chamar-se Constantinopla (hoje Istambul, capital da Turquia). Séculos mais tarde, em 1054, ocorre a divisão da Igreja Católica entre apostólica romana e ortodoxa, cuja sede seria Bizâncio. Quando o Império Romano do Ocidente começou a sofrer invasões dos povos bárbaros, Constantinopla tornou-se não somente sua sede política, mas também o seu centro econômico, cultural e religioso. A riqueza material e as relíquias religiosas acumuladas em Constantinopla despertaram a cobiça dos francos durante a Quarta Cruzada. Os cruzados nem sequer chegaram perto de Jerusalém nessa expedição, preferindo invadir e saquear a exuberante capital do Império Bizantino.

Cristãos unidos

Por isso, quando o povo seljúcida tomou dos gregos um grande território - cuja capital era Nicéia e que mais tarde viria fazer parte da Turquia - e o imperador bizantino Aleixo Comneno I pediu auxílio ao papa Urbano II para conter o avanço dos turcos em direção a Constantinopla, apresentou-se a oportunidade para a Igreja Católica tentar acabar com as intermináveis guerras e conflitos entre os reis cristãos. O apelo de Comneno serviria de estímulo para a tentativa de juntar todos os europeus contra um inimigo comum: o infiel muçulmano, e assim perseguir o sonho da unificação da cristandade. "Que os ódios cessem entre vós": é assim que Urbano II conclama reis e cavaleiros para partir em busca da libertação da Terra Santa.

As rotas das quatro primeiras cruzadas
Cristianismo
Romano
Expansão do
Cristianismo Romano
Cristianismo
Ortodoxo

Expansão do
Cristianismo Ortodoxo

MuçulmanoPrincipais centros de Peregrinação
a. Santiago de Compostelah. Roma
b. Lisboai. Sicília
c. Toledoj. Edessa
d. Parisk. Antioquia
e. Marselhal. Damasco
f. Gênovam. Acre
g. Venezan. Jerusalém



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França, 1095
Papa Urbano II conclama a nobreza a partir para o Oriente e libertar a Terra Santa

A "guerra santa" recebeu adesão completa dos cavaleiros, já que representava uma saída para suas aspirações e ambições. Os nobres foram motivados pela missão de resgatar os locais santos, principalmente o Santo Sepulcro, pela busca de novas terras para se apossar pela conquista de principados no Oriente e pela aventura em si, já que isso fazia parte da educação dos cavaleiros. Já os pobres, destituídos de perspectiva na vida, tinham nas Cruzadas uma "válvula de escape". E, claro, a religiosidade era outra forte motivação, já que sofrer martírios era uma forma de purificar a alma e obter perdão pelos pecados cometidos.

Quando o Papa Urbano II apela para os nobres partirem em direção ao Oriente, ele esperava que a expedição fosse formada exclusivamente pelos cavaleiros. Porém, seu discurso carregado de apelo religioso despertou o entusiasmo de camponeses, pequenos comerciantes, mendigos e toda a sorte de pessoas de diferentes classes sociais, principalmente na França e Alemanha. Nos anos anteriores ao início da Primeira Cruzada, os camponeses sofriam com a seca, as pestes e a fome. Liderados por Pedro, o Eremita, a multidão partiu sem armas nem provisões em direção do local que consideravam o próprio paraíso na Terra. A conseqüência óbvia foram as enormes dificuldades encontradas pela "Cruzada Popular", o que levou a roubos e saques pelo caminho. Milhares de peregrinos morreram no trajeto, e os que conseguiram chegar a Constantinopla deixaram a população bizantina chocada pelo bando de miseráveis e ignorantes invadindo sua cidade. Foi somente com a Primeira Cruzada, a oficial, que cerca de 12 mil cruzados (chamados assim por usarem cruzes de tecido bordadas nas vestimentas) conseguiram conquistar Jerusalém, no dia 15 de julho de 1099. Região de solo pedregoso e pouco propício à agricultura, a Cidade Santa detinha toda a sua importância unicamente no fato de ser o local de nascimento do cristianismo, judaísmo e islamismo.

Mito e realidade
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A Ordem dos Cavaleiros Templários combinava os papéis de cavaleiro e monge, e tinham como missão proteger os peregrinos durante as Cruzadas. "Eles eram a força militar mais disciplinada da Europa", descreve a historiadora Karen Ralls no livro "Os Templários e o Graal". O mistério envolvido na história dos Templários criou uma lenda que diz que os cavaleiros seriam os guardiões do Santo Graal. "A história do Graal tem sua base na passagem bíblica em que o soldado perfura a costela de Cristo - somada à passagem do romance "O Conto do Graal", novela de Chrétien de Troyes (1135-1190), encomendada pelo conde Filipe de Flandres (1142-1191). O pedido foi feito imediatamente antes da desastrosa atuação do conde na Terra Santa nos anos 1177-1178. Chrétien cumpriu maravilhosamente bem sua missão, idealizando a essência da biografia de Filipe e situando-a nos míticos tempos célticos do Rei Artur, nas terras de Gales e da Bretanha, igualmente carregadas de prestígio literário. E o que isso tem a ver com os Templários? "Nada", opina o historiador Ricardo da Costa.

A força egípcia

Durante 88 anos os francos (chamados assim porque grande parte dos cruzados vinha da França) conseguiram manter-se no controle da região, batizada por eles de Reino de Jerusalém. Em 1147, o domínio dos cruzados no Oriente Médio é abalado quando Edessa, na Síria, é recuperada pelos muçulmanos. É o início da Segunda Cruzada. Porém, a falta de preparo das tropas francesas e alemãs e o desentendimentos entre o rei Luís VII da França e Raimundo de Poitiers, príncipe da Antioquia, território bizantino, enfraquecem o exército cristão e permitem uma vitória muçulmana. Havia divergência entre os povos árabes também, que foram minimizadas com a emergência do Egito como potência mundial no final do século 12. Seu líder, o sultão Saladino, consegue ocupar Jerusalém em outubro de 1187.

Guerra selvagem
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Para os árabes, as Cruzadas não foram uma disputa, mas uma invasão a seu território pelos ocidentais bárbaros. "(...) aqueles guerreiros loucos, (...) que espalham pelas ruas o sabre cortante, (...), degolando homens, mulheres e crianças, (...), saqueando as mesquitas", descreve um relato de 1099 reproduzido no livro "As Cruzadas Vistas pelos Árabes". Eles tampouco nutriam simpatia pelos seljúcidas, apesar de compartilharem a mesma religião, porque os viam como menos desenvolvidos."No mundo muçulmano havia lutas pelo poder entre famílias, regiões e etnias, e nesse sentido a luta dos turcos contra os árabes gerava rancores, mas nada irreversível", pondera Hilário Franco Jr.


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Reinado curto
Em 1187 o sultão Saladino, doEgito, recupera Jerusalém para os muçulmanos

Nenhuma das outras cruzadas empreendidas pelos cristãos é capaz de recuperar o Reino de Jerusalém novamente. O maior erro dos francos, porém, talvez tenha sido a Quarta Cruzada, quando os francos se desviaram da Terra Santa e atacaram e saquearam Constantinopla, cidade de cristãos como eles. "A Quarta Cruzada não só acarretou a destruição ou extravio de todos os tesouros do passado que Bizâncio tão ciosamente acumulara e feriu de morte uma civilização ainda ativa e grandiosa, constituindo também uma gigantesca asneira política. Não teve a menor serventia para os cristãos da Palestina - pelo contrário, privou-os de potenciais salvadores - e, pior, desarranjou todas as defesas da cristandade", critica Steven Runciman no terceiro volume de "A História das Cruzadas".







A visão hebraica
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Apesar de não terem sido o alvo principal dos cruzados, a população judia que vivia no Oriente Médio e na Terra Santa acabou sendo um dos "bodes expiatórios" do ódio franco. Enquanto o pregador mais influente durante a Primeira Cruzada, Pedro, o Eremita, recebeu cartas de recomendação dos judeus da França para que fosse bem recebido pelos judeus orientais, tropas francesas e alemãs atacaram diversas comunidades judias, obrigando sua população a converter-se ao cristianismo ou entregar-se à morte.

Novo comércio

As Cruzadas não foram um empreendimento religioso apenas. Motivações econômicas, políticas e sociais se juntam à religião para tornar o contexto propício. "As Cruzadas fizeram reabrir as rotas de comércio entre a Europa Ocidental e o Oriente, que tiveram seu uso diminuído desde o século 4. A nobreza em luta precisava de recursos como comida e roupas, levadas por pequenos comerciantes que traziam produtos orientais para a Europa", explica Ana Paula Tavares Magalhães, professora do departamento de história da Universidade de São Paulo. "Com isso surgem novos hábitos de consumo e se introduz um refinamento com os novos tecidos, perfumes e tapetes, além da troca de idéias", complementa. A Europa Ocidental, naquela época, era uma espécie de "primo pobre" do Oriente, mais rico, mais instruído e mais culto.

"As Cruzadas são um fenômeno complexo e muitas vezes mal compreendido por ser visto sob o ponto de vista ocidental e no aspecto religioso. No entanto resultaram de um conjunto de fatores materiais e psicológicos, onde os interesses políticos e econômicos foram decisivos, mas se dissimularam por trás de uma teologia, a da libertação dos lugares santos. Os papas desejavam acabar com o cisma de 1054 (que dividiu a Igreja Católica Apostólica Romana - cujo chefe era o papa, e a Igreja Ortodoxa Grega -, que tinha como líder o patriarca de Constantinopla) e trazer o Oriente para o âmbito de sua autoridade, eles não foram 'puros' servidores dos ideais de Deus", opina a historiadora Márcia Siqueira, professora da Universidade Federal do Paraná.

Durante todos esses anos, as Cruzadas foram marcadas por aproximações e oposições entre a Igreja católica ocidental e a oriental ortodoxa. O objetivo principal do imperador bizantino não era livrar a Terra Santa do domínio muçulmano, mas sim recuperar seus territórios na Ásia Menor que haviam sido perdidos para o povo turco, principalmente a Antioquia. "Quando os cruzados prosseguiram rumo ao sul, penetrando na Palestina, cessou a colaboração ativa de Conmeno I. A política bizantina tradicional fora, no último século, de aliança com os fatímidas do Egito contra os abássidas sunitas e turcos. Os fatímidas haviam tratado os cristãos orientais com generosa tolerância, e Aleixo não tinha motivos para presumir que o governo franco lhe seria mais agradável", escreve o historiador Steven Runciman.

"As Cruzadas fracassaram redondamente. Sequer conseguiram desenvolver uma cultura 'ocidental' na Palestina. Pelo contrário, elas deram motivos muito fortes de ressentimento dos muçulmanos contra o Ocidente. Para se ter uma idéia, ainda hoje nos bares do Líbano existem cantores populares que exaltam a figura do sultão Saladino (1138-1193)", revela o historiador Ricardo da Costa, professor da Universidade Federal do Espírito Santo. Já Ana Paula Tavares Magalhães acredita que, se no Oriente as Cruzadas fracassaram completamente, houve uma vitória importante no Ocidente. "O papa surge hegemônico no Ocidente após as Cruzadas", justifica.

Cruzadas no Ociente
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A rigor, as Cruzadas e a Reconquista contra a invasão moura na Península Ibérica são movimentos distintos, já que as primeiras ocorreram em território islâmico e fracassaram e a segunda ocorreu em solo cristão e alcançou vitória em 1492. "Porém elas respondem às mesmas motivações: religiosa (propagação do cristianismo e estímulo às peregrinações), demográfica (a população cristã ocidental crescia e necessitava de novas áreas de ocupação) e social (a pequena nobreza sem terra, e mesmo em certos casos camponeses, buscava áreas cultiváveis fora de suas regiões de origem). Assim, é natural que várias vezes os dois fenômenos tenham se entrecruzado", avalia Hilário Franco Jr.

Supremacia cristã

Por mais que a visão geral seja a de que o Ocidente fracassou em seus objetivos, a longo prazo a situação geopolítica mundial se transformou como conseqüência desses conflitos. "As Cruzadas foram o ponto de intersecção de três trajetórias históricas em ritmos e direções diferentes naquele momento: a muçulmana estacionária, a bizantina em queda, a ocidental em ascensão. De certa forma as Cruzadas acentuaram esse quadro, e nos séculos seguintes concretizaram-se a queda e desaparecimento de Bizâncio, certa regressão e depois a estagnação do Islã e a confirmação da supremacia cultural, tecnológica, econômica e política do Ocidente cristão", conclui Hilário Franco Jr.

Para ler
• "As Cruzadas", Hilário Franco Jr. Ed. Moderna. 1999
• "As Cruzadas", José Roberto Mello. Ed. Ática. 1989
• "As Cruzadas Vistas pelos Árabes, Amin Maalouf. Ed. Brasiliense. 1983
• "História das Cruzadas", vols. I, II e III, Steven Runciman. Ed. Imago. 2002
• "Kidush Hashem: crônicas hebraicas sobre as Cruzadas", Nachman Falbel. Edusp. 2001
• "Os Templários e o Graal", Karen Ralls. Ed. Record. 2004

Linha do tempo

Juliana Tiraboschi


A cronologia das Cruzadas

1095
O imperador bizantino Aleixo I Comneno pede auxílio ao papa Urbano II contra uma ameaça de invasão turca

1095

26 de novembro
O papa Urbano II faz um apelo para que os soldados partam para o Oriente a fim de ajudarem outros cristãos a livrarem-se do jugo muçulmano. Milhares de nobres, cavaleiros e plebeus partem rumo à Terra Santa para recuperar Jerusalém

1096
Tem início a Primeira Cruzada, a única realmente bem- sucedida

1098
Antioquia é tomada pelos cruzados

1099

Chega ao fim a Primeira Cruzada com a tomada de Jerusalém pelos cruzados. O duque de Lorena é escolhido como o rei da Terra Santa. São criados os Estados de Trípoli (no atual Líbano), Antioquia (na atual Síria) e Edessa (atualmente Urfa, na Turquia)

1114

Os muçulmanos reconquistam Edessa, desencadeando a Segunda Cruzada, chefiada pelo rei da França e imperador da Alemanha. Vitória para os muçulmanos, que mantêm controle do território

1187
Jerusalém é tomada pelo sultão do Egito, Saladino, resultando na Terceira Cruzada, liderada por Filipe da França, Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra e o imperador da Alemanha. Mais uma vez os ocidentais foram derrotados

1202

Começa a Quarta Cruzada, que nem chegou perto da Terra Santa. Os cruzados chegam a Constantinopla, pilham e tomam a cidade, além de estabelecer o domínio latino na Grécia. Termina em 1204

1210

Milhares de jovens de 13 anos para baixo, homens e mulheres, vão para o Oriente conduzidos por um padre francês, que acredita que pode conseguir o poder sem o uso de armas. O movimento, conhecido como Cruzada das Crianças, acabou em tragédia: a maioria dos participantes morreu pelo caminho ou foi parar em mercados escravos do norte da África

1228

A Sexta Cruzada foi relativamente pacífica, marcada pelas negociações de trégua entre cristãos e muçulmanos. Jerusalém é entregue aos cruzados, mas em 1244 os muçulmanos retomam o poder

1248

Luís IX, rei da França, retoma seu antigo projeto de conquistar o Egito, local estratégico para alcançar o domínio da Palestina. Começa a Cruzada de São Luís. Uma demora na decisão de atacar o Cairo deu tempo para os muçulmanos se prepararem. Quando retomaram a marcha para a cidade, os cruzados foram derrotados em 1250 e Luís IX é preso

1250

Motivado pela prisão do rei, surge um movimento popular na Europa com o objetivo de resgatá-lo, a Cruzada dos Pastores. Porém, os cruzados se envolvem em pilhagens e a missão fracassa

1251

Luís IX é libertado e vai para a Síria. Durante quatro anos reconstruiu as forças cristãs para atacar Jerusalém. Ele volta à França para o funeral de sua mãe, regente da França, a Sétima Cruzada termina sem ter alcançado nenhum resultado

1268

Os muçulmanos conquistam Antioquia, a última grande cidade oriental na mão dos cristãos. Luís IX volta a participar da Oitava Cruzada, mas recebe pouco apoio e muitas críticas. A Cruzada dirige-se para a Tunísia. Uma epidemia não identificada mata centenas de cruzados e seu líder, Luís IX, canonizado posteriormente, em 1297. São Luís era um dos poucos que ainda acreditam nas Cruzadas, e sua morte sepulta de vez os anseios dos cruzados, fazendo os sobreviventes voltarem para a França

1291
Os católicos perdem seu último território na Síria, a cidade de Acre. O papado continua a pregar novas cruzadas, mas encontra poucos adeptos


Revista Galileu

http://revistagalileu.globo.com

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