Montesquieu: Roma iluminada
por Celso Miranda
Publicadas originalmente em 1734, as Considerações sobre as Causas da Grandeza dos Romanos de Sua Decadência (Contraponto), do filósofo francês Montesquieu (1689-1755), é uma oportunidade ímpar para conhecer a história de Roma – epicentro do mundo mediterrâneo durante tantos séculos – a partir da ótica de um dos principais pensadores do século 18.
Já famoso por livros como Cartas Persas e Reflexões sobre a Monarquia Universal, que precederam sua grande obra Do Espírito das Leis, de 1748, Montesquieu isolou-se da agitada vida de Paris em seu castelo em La Brède, próximo a Bordeaux, uma região de ótimos vinhos, aliás. Ali, ele consumiu dois anos e leu não apenas os clássicos, mas também antigos textos não latinos e pré-medievais. Mas a erudição e o rigor das citações de trechos de Procópio, Políbio, Apiano, Zózimo e Jordanes, não devem intimidar o leitor. Com habilidade, Montesquieu serve-se dessas fontes, hoje praticamente inacessíveis, transformando-as em uma deliciosa e completamente inteligível iguaria: um texto curto, sintético, cuja ambição é conceber uma história explicativa e que, por outro lado, incite o leitor a fazer sua própria reflexão.
Montesquieu não se prende à narrativa de eventos singulares ou à sua datação e vai ao essencial com habilidade e método. Ele pretende observar o passado para esclarecer o presente e, nessa empreitada, revela-se um precursor Hegel, o fundador da filosofia da história. Algumas das suas idéias são particularmente úteis para entender tanto a história do Império Romano, quanto a filosofia de Iluminista que serviu tão bem ao Estados Modernos. Montesquieu acredita que há racionalidade na história: “Não é a sorte que domina o mundo. Quando o acaso de uma batalha, isto é, uma causa particular, destrói um Estado, é porque havia uma causa geral que fazia com que este Estado devesse perecer em uma única batalha”. Mas também não se deixa fascinar pelas individualidades: “Se César e Pompeu houvessem pensado como Catão, outros teriam pensado como César e Pompeu”.
Hoje, quando os leitores de história parecem preferir as estruturas ocultas e estáveis à simplória cronologia dos fatos, essas considerações adquirem novo valor e reafirmam a modernidade de Montesquieu.
Revista Aventuras na História
por Celso Miranda
Publicadas originalmente em 1734, as Considerações sobre as Causas da Grandeza dos Romanos de Sua Decadência (Contraponto), do filósofo francês Montesquieu (1689-1755), é uma oportunidade ímpar para conhecer a história de Roma – epicentro do mundo mediterrâneo durante tantos séculos – a partir da ótica de um dos principais pensadores do século 18.
Já famoso por livros como Cartas Persas e Reflexões sobre a Monarquia Universal, que precederam sua grande obra Do Espírito das Leis, de 1748, Montesquieu isolou-se da agitada vida de Paris em seu castelo em La Brède, próximo a Bordeaux, uma região de ótimos vinhos, aliás. Ali, ele consumiu dois anos e leu não apenas os clássicos, mas também antigos textos não latinos e pré-medievais. Mas a erudição e o rigor das citações de trechos de Procópio, Políbio, Apiano, Zózimo e Jordanes, não devem intimidar o leitor. Com habilidade, Montesquieu serve-se dessas fontes, hoje praticamente inacessíveis, transformando-as em uma deliciosa e completamente inteligível iguaria: um texto curto, sintético, cuja ambição é conceber uma história explicativa e que, por outro lado, incite o leitor a fazer sua própria reflexão.
Montesquieu não se prende à narrativa de eventos singulares ou à sua datação e vai ao essencial com habilidade e método. Ele pretende observar o passado para esclarecer o presente e, nessa empreitada, revela-se um precursor Hegel, o fundador da filosofia da história. Algumas das suas idéias são particularmente úteis para entender tanto a história do Império Romano, quanto a filosofia de Iluminista que serviu tão bem ao Estados Modernos. Montesquieu acredita que há racionalidade na história: “Não é a sorte que domina o mundo. Quando o acaso de uma batalha, isto é, uma causa particular, destrói um Estado, é porque havia uma causa geral que fazia com que este Estado devesse perecer em uma única batalha”. Mas também não se deixa fascinar pelas individualidades: “Se César e Pompeu houvessem pensado como Catão, outros teriam pensado como César e Pompeu”.
Hoje, quando os leitores de história parecem preferir as estruturas ocultas e estáveis à simplória cronologia dos fatos, essas considerações adquirem novo valor e reafirmam a modernidade de Montesquieu.
Revista Aventuras na História
Olá, Eduardo!
ResponderExcluirsão sempre interessantes os artigos que posta.
1 abraço