quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Purgatório


Purgatório
Só havia duas opções: ou ser quase santo e ir para o céu ou queimar no fogo do inferno
por Lívia Lombardo
Céu e inferno. Para os cristãos de até meados do século 12, esses eram os únicos destinos das almas após a morte. Os bons, que haviam levado uma vida casta e santa, iriam para o céu. Os maus e pecadores estariam condenados ao inferno e a todas as penas ali presentes, descritas no Apocalipse da Bíblia como sendo a fome, a sede, o frio, o calor, os vermes, o mau cheiro e o fumo. Temendo esse fim, as pessoas iam mais à Igreja, se esforçavam para seguir à risca o que os padres pregavam, faziam penitências.

Mas e aqueles que não eram nem totalmente bons nem completamente maus? A idéia de salvação começou a ser desenhada algum tempo antes, no século 4, pelo teólogo Aurélio Agostinho – mais tarde, Santo Agostinho. Para ele, os que estavam mais inclinados para a maldade tinham como destino o inferno, mas teriam a chance, por meio das orações dos vivos, de amenizar seu sofrimento. Já aqueles que não haviam sido inteiramente bons passariam por uma purgação para, talvez, alcançar o paraíso. Na época, o purgatório não era um lugar, mas uma idéia de salvação. A imagem dele como um “além” intermediário só se instalou na cristandade entre 1150 e 1250.

Bem antes de os cristãos inventarem o purgatório, outras religiões já possuíam a crença em um lugar intermediário, onde os que cometeram pecados leves poderiam se redimir de seus erros. Na Índia do século 6 a.C., por exemplo, os mortos tinham três destinos distintos. Os justos seriam conduzidos a um mundo de luz. Os maus sofreriam renascimentos de punição, sob a forma de vermes ou insetos, até caírem no inferno. Já os que levaram uma vida intermediária passariam por um período de trevas, seriam comidos pelos deuses e iniciariam um ciclo de renascimentos de perfeição até atingirem o paraíso. Já para os judeus antigos, existia uma categoria composta por homens nem bons nem maus. Eles sofreriam um castigo temporário após a morte, para alcançarem o éden.

Revista Aventuras na Historia

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