quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Mumificação no Egito antigo



Mumificação no Egito antigo
Por mais de 3 mil anos, cadáveres foram dissecados, desidratados e enfaixados
por Maria Carolina Cristianini
A expressão “a terra há de comer” não faria sentido para as pessoas com dinheiro no Egito antigo. Lá, acreditava-se no ka, uma força que continuava após a morte – desde que o corpo fosse bem conservado. Para isso, usava-se uma técnica inspirada no deserto. Após observar que a areia quente e o ar seco preservavam os mortos, os egípcios criaram um método de dissecação e mumificação acompanhado de um ritual religioso.

As primeiras múmias conhecidas são de 3000 a.C. Privilégio dos monarcas, 800 anos depois é que o processo se estendeu a qualquer um que pudesse pagar. E nem só humanos eram mumificados. Em janeiro, cães foram encontrados em El Faiyum, um oásis a 80 quilômetros do Cairo. “Era uma forma de homenagear animais de estimação”, explica o historiador Julio Gralha, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

As últimas múmias são do século 4 d.C.. A influência romana e o avanço do cristianismo podem ter encerrado a prática.



Rumo ao sarcófago
O processo tinha seis passos e demorava até 70 dias
1. Limpeza geral

O corpo era levado para tendas ao ar livre, em um lugar chamado Ibu (local de purificação), na margem oeste do rio Nilo, onde ficavam os cemitérios. Ali, era entregue a sacerdotes. Em uma mesa inclinada para coletar fluidos, era lavado com vinho de palma e água do rio.

2. Adeus, vísceras

O sacerdote Ut removia os órgãos por um corte do lado esquerdo do abdômen. Só sobrava o coração. Pulmões, intestinos, estômago e fígado iam para recipientes especiais.O resto era jogado no rio Nilo – incluindo o cérebro, que era retirado pelas narinas.

3. Guardiões

Os órgãos mais importantes eram armazenados em vasos. Eles representavam os quatro filhos de Hórus, deus dos céus: Duamutef (cachorro) cuidava do estômago; Qebehsenuf (falcão), dos intestinos; Hapi (babuíno), dos pulmões; e Amset (humano), do fígado.

4. Sal até as entranhas

Com o cadáver livre das vísceras, começava o processo de desidratação, feito com natrão, um tipo de sal mineral muito comum na região. O corpo era preenchido e envolvido com esse sal e permanecia assim por 40 dias.

5. Recheio seco

Após a desidratação, havia nova lavagem com água do Nilo e aplicação de substâncias aromáticas e óleos para aumentar a elasticidade da pele. Para não ficar deformado, o corpo era recheado com serragem e plantas secas. Só então recebia até 20 camadas de tiras de linho engomado.


Proteção no além
Os corpos eram enfaixados junto com diversos amuletos
Olho de Wadjet

Colocado na testa, garante proteção e apoio para a cabeça

Escaravelho

Impede que o coração se separe do corpo

Nó de Ísis

Colocado no peito, pede segurança para a deusa Ísis

Ankh

Ajuda a superar os obstáculos da outra vida

Revista Aventuras na Historia

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