sábado, 4 de julho de 2009

Perfil de vida nos EUA: viva o americano médio!


Perfil de vida nos EUA: viva o americano médio!
por Adriana Maximiliano
Eu sempre me perguntei se Deus existia. Agora eu sei que ele existe – sou eu!” Não, não foi George W. Bush nem Tom Cruise quem disse isso. Foi Homer Simpson, depois de algumas cervejas. O pai barrigudo e egocêntrico do desenho Os Simpsons é o retrato mais fiel do americano médio que o mundo já viu.

Religioso, glutão de fast food e viciado em esportes que quase ninguém pratica além de suas fronteiras, o tal americano médio mora no interior do país e a, no máximo, 20 minutos de distância de um supermercado Wall-Mart. Nos fins de semana, assiste a uma longa partida de beisebol, depois da missa. Para manter o corpinho inchado, devora sanduíches que estão 23% maiores que os de 20 anos atrás. Para ajudar a descer, os refrigerantes aumentaram 52% no mesmo período. Resultado: o americano médio engordou 5 quilos desde os anos 80.

Esse cidadão, que eles chamam de John Doe, ou Zé Mané, tem certeza de que a língua falada no Brasil é o espanhol. Já ouviu falar do Carnaval – e pára por aí. Exatos 52% dos cidadãos do país com renda per capita anual de 44 200 dólares por ano não sabem que a Terra leva 365 dias para dar uma volta em torno do Sol.

O americano médio apóia a guerra, mas não gasta mais do que 7 minutos por semana pensando nisso. O jornal mais lido dos Estados Unidos é o USA Today, notável por seus textos curtos, gráficos e mapas e que tem mais de 2 milhões de leitores todo dia. John Doe ama sua TV. Quatro em cada cinco já dispararam armas de fogo e 84% têm muito orgulho de ser americanos.



American Way, o jeitinho deles
Como vive, se alimenta, transa e faz compras
TV

O americano não vive sem ela: ele tem pelo menos três aparelhos em casa. Por dia, sua TV fica ligada durante 7 horas e 13 minutos. Quando fizer 70 anos, já terá desperdiçado de sete a dez anos em frente à TV. Só de comercial, será um ano inteirinho. Cerca de 70% das creches têm salas de TV. Os pais não podem reclamar: gastam 3 minutos por semana falando com os filhos. No mesmo período, as crianças passam 1 680 minutos na frente da TV, em média.

Carro

Todo americano médio tem um carro grande. Grande, não: enorme.As pesquisas mostram que 89% das famílias têmum ou mais na garagem. Depois de casa e comida, o carro é o que mais come seu salário. Durante toda a vida, ele vai gastar entre 240 mil e 350 mil dólares com sua paixão. Nove entre dez viagens são feitas sobre quatro rodas.

Sexo

Os americanos têm um troço com banheiro: 70% deles dizem ter feito (ou “do it”, como eles dizem) na pia ou no vaso sanitário. Mas o lugar preferido de nove entre dez casais americanos é mesmo o banco de trás de um automóvel.

Esporte

Futebol é coisa de mulher. Homem que é homem joga futebol americano, hóquei, beisebol e basquete. O atleta que ele admira corre, pula, se joga, derruba e, acima de tudo, bate. Uma pesquisa da NBA (a liga que organiza o basquete) mostrou que 40 dos 66 atletas premiados no ano passado estão entre os mais agressivos. Os comentaristas de esporte adoram usar linguagem de guerra ao descrever o que acontece nos campos. Para o americano, quanto mais violência em jogo e comida na arquibancada, maior é a diversão.

Drogas

Os americanos são os maiores consumidores de cocaína e heroína e os Estados Unidos são maiores produtores de metanfetamina. Um em cada dois americanos já fumou pelo menos um cigarro de maconha. Inclusive os dois últimos presidentes do país, George W. e Bill Clinton. Para completar o quadro, o primeiro presidente americano, George Washington, ainda na época da independência, 1776, plantava maconha.

Shopping

Em 1987, o número de shopping centers superou o número de high schools (as escolas secundárias) nos EUA: 32 563. Hoje, há cerca de 50 mil shoppings por lá. Para 93% das adolescentes, ficar passeando no shopping é a atividade favorita. O americano médio passa 6 horas por semana vendo lojas. Quando vai para casa, atende cerca de 300 ligações de telemarketing por ano. O americano compra tanto, mas tanto, que vira e mexe faz um garage sale (um feirão particular) para vender tudo o que comprou no mês passado e abrir espaço para novas aquisições. O que ele compra? TVs maiores. E flamingos (!). Uma pesquisa mostrou que 250 mil flamingos são vendidos todos os anosnos Estados Unidos.

Comida

Para o americaninho médio, o palhaço Ronald McDonald’s é o personagem infantil mais famoso do mundo, logo depois do Papai Noel. Não é à toa que, quando cresce, cada adulto consome três hambúrgueres e quatro pacotes de batata frita por semana. De sobremesa, um sundae: o americano médio toma 1 tonelada de sorvete durante a vida. Talvez para economizar, um em cada oito americanos trabalha ou já trabalhou numa loja do McDonald’s. Em compensação, 60 milhões de americanos são obesos. Quandoa barriga não agüenta mais e até a consciência pesa, ele come um lanche diet, cujo mercado já movimenta 34 bilhões de dólares por ano, o que daria para pagar metade dos juros da dívida do Brasil.

Lixo

A cada dois anos, os Estados Unidos poderiam fazer uma fila de caminhões de lixo lotados daqui até a Lua. Os americanos são apenas 5% da população mundial, mas geram 30% de todo o lixo do planeta. O lixo do americano médio equivale ao de três japoneses, seis mexicanos, 14 chineses, 38 indianos, 168 bengalis e 531 etíopes. Durante toda a vida, o americano médio vai jogar fora 600 vezes o seu peso adulto. E do jeito que ele está engordando...

Religião

O americano médio é muito religioso. Existem entre 92 e 98 milhões de evangélicos convertidos hoje nos Estados Unidos. Um deles é George W. Bush, que se converteu depois de aprontar todas na adolescência. Segundo os dados da CIA, a população se divide em protestantes (52%), católicos (24%), mórmons (2%), judeus (1%), mulçumanos (1%), outros (10%) e ateus (10%).

Crime

Para um americano médio, lugar de bandido é na cadeia. Ou no caixão. Mas não necessariamente nessa ordem. Os Estados Unidos têm a maior população carcerária do mundo, com 2 milhões de presos, e são o quarto país que mais condenou prisioneiros à pena de morte. Aliás, o recorde entre os governadores ainda é de Bush: 150 pessoas condenadas à pena de morte passaram desta para melhor durante os seis anos de seu governo no Texas. A polícia americana é, proporcionalmente, a que mais dispara armas de fogo e mata em diligências ou perseguições.Para completar, nos Estados Unidos existe uma arma e meia para cada americano vivo e uma em cada 20 pessoas vai passar algum tempo na cadeia.


O verdadeiro "John Doe"
Ele tem três filhos e é superfã de esportes
História – Qual seu assunto favorito para uma entrevista.

MATTHEW BRIDGES – Esporte!

Para que time você torce?

No futebol, sou Detroit Lions até morrer. No basquete, Pistons. No beisebol, meu time é o Tigers e, no hóquei, Red Wings.

Dá pra torcer pra todo mundo?

A gente se esforça. Não há jogos dos quatro esportes ao mesmo tempo. Quando o futebol americano chega às finais, vem o basquete. Quando o basquete acaba, começa o beisebol, e assim o ano passa.

O que você vê na TV?

SportsCenter, da ESPN. À noite assisto ao Bill O·Reilly, na Fox News (noticiário líder de audiência e considerado o mais conservador da TV americana).

O que faz nos fins de semana?

Programas em família, vou aos jogos e à igreja.

Qual é sua religião?

Eu sou Born-Again Christian (“convertido ao Evangelho”). Vou com minha mulher e meus três filhos duas ou três vezes por semana à igreja.

Bush também é evangélico convertido. Você votou nele?

Não votei em ninguém na primeira vez, mas votei nele na segunda porque o pastor pediu. Aprovo os valores morais dele.

E quanto à guerra?

A guerra é necessária. Precisamos atacar os inimigos para garantir a proteção dos nossos filhos. Mas vamos falar de outra coisa?

Que tal comida?

Bem melhor! Eu sempre fui um homem-sanduíche. Mas engordei e resolvi tentar algo mais dietético. Ando viciado em sanduíche de peru com queijo e maionese. Hummmm... Acho que vou preparar um agora.

Ok. Mas, antes do sanduíche, o que você sabe sobre o Brasil?

Eu já vi imagens do Carnaval na TV. Que fiesta! Mas acho que não levaria minha família. Tinha muita gente dançando pelada.

Revista Aventuras na Historia

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