terça-feira, 7 de julho de 2009

Ieyasu Tokugawa, o destemido senhor da guerra


Ieyasu Tokugawa, o destemido senhor da guerra
Ele foi o primeiro, em séculos, a fazer jus ao título de xogum. Eliminou os inimigos, submeteu o país todo à sua vontade e inaugurou uma dinastia que governou o Japão por 265 anos
por Isabelle Somma
De cada lado do desfiladeiro há mais de 80 mil homens. Alguns enchem seus mosquetes com pólvora e chumbo, outros desatam suas longas espadas da cintura. Todos vestem armaduras parecidas e apenas pedaços de papel colorido amarrados na bainha da espada ou da roupa os diferenciam em meio ao forte nevoeiro que desce com o nascer do dia. Com um sinal de sua bandeira, o velho senhor da guerra Ieyasu Tokugawa sinaliza a seus homens que é hora de derramar o sangue daqueles que o desafiaram. A mais decisiva das batalhas travadas em solo japonês, enfim, começa.

Era 21 de outubro de 1600, o dia em que um Japão unificado começou a emergir. A batalha de Sekigahara, que causou mais de 30 mil mortes, pôs fim às disputas entre senhores feudais. A partir dali, todos obedeceriam a um só líder: o xogum Tokugawa, o mais poderoso de todos os detentores do título até então.

Desde o século 12, o único poder reconhecido na maior parte do Japão era exercido por uma espécie de governo militar, o bakufu. O líder máximo desse sistema era o xogum, um título equivalente ao de um generalíssimo, ou seja o supremo comandante. Seu poder advinha diretamente da força de seu exército e da capacidade que ele tinha de manter a paz ou de promover a guerra com os feudos descontentes. Nessa época, o imperador era uma figura eminentemente simbólica e exercia apenas um papel religioso. Segundo a religião xintoísta, ele era o próprio deus na terra, mas, na prática, ele não apitava nada na vida política ou militar do Japão.

Quem detinha o poder de fato eram os daimiôs, que controlavam grandes propriedades de terra e, com isso, a vida econômica e social de camponeses que compunham a maioria da população japonesa. Com o tempo, o posto de xogum, que era ratificado pelo próprio imperador, também se transformou num título apenas simbólico, já os daimiôs que não contavam com a proteção do imperador e do xogum, acabavam criando seu próprio exército e nomeando seu próprio general. “Sem autoridade central, o país formado por mais de 250 superfeudos era palco de lutas encarniçadas entre os clãs”, diz Henry Smith, professor de história do Japão da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos. “A partir do século 14, a disputa pelo poder se tornou ainda mais intensa, e o país mergulhou em uma guerra civil sem precedentes.”

Pais da pátria

A instabilidade durou quase 200 anos, com a alternância de xoguns no poder. A coisa começou a mudar em 1560, quando o general Oda Nobunaga desafiou o poder do xogum Imagawa Yoshimoto. Para apoiar Nobunaga vários daimiôs enviaram seus samurais – guerreiros que atuavam como guarda-costas e eventual tropa de choque dos donos de terra. Entre os novos aliados de Nobunaga estava o jovem Ieyasu. Filho de um pequeno daimiô, ele passara boa parte de sua infância como refém de Yoshimoto. A prática, comum na época, era uma forma do xogum garantir a lealdade dos daimiôs. Afinal, quem se metesse a besta estaria condenando o próprio filho. Com a morte daquele que o mantinha preso, Ieyasu se juntou ao mais temido exército de samurais da época.

As traições eram tão comuns quanto as demonstrações de lealdade eram radicais. Nobunaga exigiu que Ieyasu ordenasse a morte da própria esposa e seu filho mais velho, suspeitos de conspirarem contra seu clã. Segundo Robert Ooms, historiador da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, Estados Unidos, Ieyasu não teve dúvidas, ou pelo menos não as demonstrou. Ele cumpriu as ordens, manteve a confiança do líder e tornou-se um de seus comandantes mais próximos.

Em 1566, tanta dedicação foi recompensada e Ieyasu recebeu terras e se tornou um poderoso daimiô. “Nessa época, adotou o nome Tokugawa, o que significa que ele estava fundando um novo clã, uma honra reservada a poucos”, diz o professor Luke Roberts, do departamento de história da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, Estados Unidos.

Para Robert Ooms, Oda Nobunaga foi o primeiro dos xoguns a desejar a unificação do poder no Japão. “Com a chegada de estrangeiros – portugueses em 1543 – e em seguida holandeses e ingleses, e o desenvolvimento do comércio, passou a ser interessante a existência de um poder central.” Em 15 anos, Nobunaga conquistou metade do país, mas não teve tempo de concluir o que começou. Atingido durante uma rebelião, ele preferiu cometer suicídio a morrer vítima de um ferimento causado pelo inimigo. “Segundo o código de honra da época, a morte auto-infligida era muito mais nobre”, afirma Ooms.

Nada como a sucessão de um líder morto para dividir antigos aliados. Depois de uma série de batalhas, Toyotomi Hideyoshi, um dos samurais de Nobunaga ascendeu ao poder, e Ieyasu passou a ser visto como um opositor. E, como de praxe, tudo acabou num sangrento combate. “Não está claro quem tomou a iniciativa. Se Ieyasu tentava tomar o poder, ou se Hideyoshi visava eliminar um possível concorrente”, afirma Ooms. O certo é que Ieyasu foi derrotado, jurou fidelidade a Hideyoshi e enviou a ele um de seus filhos como garantia. Em seguida, Hideyoshi enviou Ieyasu para Kanto, uma região recém-conquistada ao norte. O líder Tokugawa partiu com mala e cuia e centenas de vassalos em direção a Edo, um vilarejo que, mais tarde, ganharia o nome de Tóquio.

Seguidor dos planos de unificação de Nobunaga, Hideyoshi é considerado por alguns especialistas como o primeiro a exercer o poder central no Japão. Além disso, ele foi o pai das iniciativas imperialistas do país. “Livre de inimigos internos, Hideyoshi queria atravessar o sudeste da Ásia, conquistar a China e ir até a Índia e a Pérsia”, afirma o historiador George Sansom, no clássico A History of Japan (inédito em português). Em duas tentativas de guerrear fora de seu território, em 1592 e 1597, no entanto, suas tropas não conseguiram ir além da Coréia. Decepcionado, o todo poderoso líder samurai morreu no mesmo ano da segunda expedição.

Mas antes disso ele havia feito seus comandantes jurarem fidelidade ao filho, o pequeno Hideyori. Após a morte do líder formou-se um comitê de regentes para governar até que Hideyori crescesse. Um deles, no entanto, não pretendia esperar: Ieyasu Tokugawa.

Sekigahara

Desde a morte de Hideyoshi, dois grupos se enfrentaram numa delicada disputa pelo poder. Se o cenário parece conhecido é porque o conflito entre os Tokugawa e os Toyotomi serviu de inspiração para o escritor James Clavell criar o romance Shogun, que fez tremendo sucesso na década de 1980.

Ieyasu Tokugawa era o lado mais fraco nesse confronto. Ele contava com o apoio de alguns daimiôs, mas sabia que eles eram pessoas conservadoras e que tendiam a apoiar o herdeiro legítimo e, portanto, desconfiava da lealdade da maioria. Enquanto isso, seu rival, Mitsunari Ishida, tinha o apoio de um número maior de daimiôs e o peso da autoridade dos Toyotomi.

Em agosto, manobras e intrigas chegaram ao fim. Kagekatsu Uyesugi, membro do Conselho de Regentes e partidário dos Toyotomi, reuniu um exército de 60 mil homens e partiu para enfrentar Tokugawa. Ao mesmo tempo, Ishida entrou em ação e armou um exército de samurais com o objetivo de cercar Tokugawa em Edo.

A derrota parecia inevitável. Mas Ieyasu tinha seus próprios planos. Embora a maior parte de seu exército permanecesse reunida em Edo, ele havia se instalado, junto com um grupo de samurais experientes, numa fortaleza em Fushimi, situada entre Edo e o inimigo que avançava. “A resistência em Fushimi visava retardar o inevitável”, diz Roberts. “Tokugawa sabia que logo teria de enfrentar Ishida e os demais regentes, mas o que ele queria é que a batalha ocorresse em algum local do distrito de Kinki, uma região repleta de altas montanhas, florestas e pequenas vilas controladas por daimiôs independentes.”

A estratégia era arriscada e para lá de ousada. Em Kinki viviam os grupos de shinobi-nin – terroristas, espiões e mercenários, também chamados de ninjas, cuja habilidade nas artes marciais já naquele tempo se tornara lendária. Tokugawa sabia que, embora fossem poucos e difíceis de atrair, valia a pena arriscar. Para convencê-los a lutar, ele tinha um trunfo. Entre seus comandantes estava Munenori Yagyu, cujo pai era um dos daimiôs mais influentes da região de Kinki. Tokugawa convocou-o a interceder junto ao pai para que esse pedisse o apoio dos ninjas. A missão diplomática do jovem oficial foi definitiva para a história do Japão.

O primeiro indício de que o jogo estava mudando em favor de Tokugawa foi o sucesso da resistência em Fushimi. Reforçado pelos ninjas de Kinki, os samurais de Tokugawa retiveram Ishida por semanas. Quando ele finalmente tomou o castelo e partiu para o cerco a Tokugawa, já era tarde demais. As tropas de Uyesugi haviam se desmobilizado. “Acredito que houve negociações entre Ieyasu e Uyesugi, para que este não se unisse a Ishida, o que foi definitivo para o resultado da batalha que se seguiria”, afirma Ooms. Ishida apressou o passo e levou seu exército para a entrada de um vale em forma de “U”, onde se reuniu com outros aliados. Embora suas forças agora estivessem em minoria – 90 mil soldados contra os 100 mil de Tokugawa – ele ainda tinha uma chance: esperaria que Tokugawa atacasse, para então cercá-lo e atacá-lo por ambos os lados.

Na noite da véspera da grande batalha, choveu forte no vale de Sekigahara. Em suas barracas os samurais verificavam as armaduras, preocupados com a lama que deixaria cada movimento muito mais difícil. Pela manhã ainda garoava quando as tropas de Tokugawa marcharam em direção a Sekigahara, imersos num denso nevoeiro. Só se ouviam os passos na lama e o ranger das armaduras ensopadas.

A batalha começou quando os samurais de Ishida e Tokugawa deram de cara uns com os outros no meio do nevoeiro. “Sekigahara entrou para a história como uma batalha épica, mas para quem estava lá deve ter parecido apenas um grande tumulto”, diz Judy Price, do departamento de história da Ásia, da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. Partes do mesmo exército se atacaram, algumas se perderam e outras nem chegaram a entrar em ação. Foi o caso de mosqueteiros, que, impedidos de recarregar seus rifles, por causa da pólvora úmida, fugiram ou se misturaram a lanceiros e espadachins, todos tentando se manter de pé, no meio de um campo de batalha que os cavalos haviam transformado num lamaçal.

Mesmo com toda confusão, ao espectador que pudesse ver a cena inteira, ainda pareceria que Ishida sairia vitorioso. Tokugawa havia reunido seus samurais na entrada do vale e Ishida tinha recuado, aguardando apenas que seu aliado Hideaki Kobayakawa atacasse o adversário pelas costas. Mas em vez de se lançar contra Tokugawa, Kobayakawa uniu-se a ele. No fim do dia, Ishida estava morto e sua tropa fugira.

A vitória levou Ieyasu Tokugawa ao poder. E antes que os corpos fossem retirados dos campos de Sekigahara seu destino como sei-i-tai shogum, o governante militar do país, já estava traçado. Ao contrário de seus antecessores, Ieyasu trabalhou rápido para consolidar seu poder. Apesar de ter transferido oficialmente o título de xogum para seu filho Hidetada, em 1605, o velho guerreiro ainda não iria descansar. Hideyori, o herdeiro de seu maior inimigo havia crescido e desafiava a continuidade de sua dinastia. Em 1614, Ieyasu liderou dois ataques à fortaleza de Osaka. No segundo, capturou Hideyori e obrigou-o a cometer suicídio. Disposto a eliminar qualquer oposição, Ieyasu Tokugawa cortou a cabeça do filho de Hideyori e do neto de Hideyoshi, uma criança de 4 anos.

Em 1616, Ieyasu morreu. Seu poder, no entanto, seria passado a seus descendentes, um a um, por 265 anos, num período conhecido como “Idade da Paz Ininterrupta”.



Tóquio: a cidade do leste
Antiga vila de pescadores tornou-se a maior cidade do mundo
Em 1590, quando chegou à foz do rio Sumida e avistou o mar, Ieyasu estava a cerca de 500 quilômetros do palácio imperial de Kyoto. Nada podia estar mais longe do centro do poder no Japão. Ao redor, notou uns barcos pesqueiros, nenhum comércio e pouca, pouquíssima gente. Se alguém lhe dissesse que ele estava olhando para o lugar que, 400 anos depois, seria uma das maiores cidades do mundo, nem mesmo sendo visionário e ambicioso como era, ele acreditaria.Desterrado para aquele fim de mundo, Ieyasu sabia que a intenção do todo poderoso Hideyoshi era afastá-lo do poder. Mas, no momento, não havia nada a fazer. Pelo menos a pesca e a água potável eram fartas – além do Sumida, havia mais dois rios próximos – e os campos de guerra estavam distantes. Com Ieyasu chegaram mais ou menos duas mil pessoas entre seus vassalos, empregados e suas famílias. Por isso, a primeira coisa a fazer era construir casas e infra-estrutura para abrigar toda aquela gente. No que seria o centro da cidade de Edo, ele começou a erguer sua fortaleza. Para tanto, mandou trazer toneladas de pedras do sul. “Nos anos das obras do palácio mais estradas e pontes foram construídas na região do que jamais acontecera”, diz o historiador Luke Roberts.

Com a morte de Hideyoshi e a ascensão de Ieyasu ao posto de xogum, tudo seria diferente em Edo. A pequena vila foi rapidamente transformada em centro do poder Tokugawa. Além dos samurais – cujas residências ficavam em volta da fortaleza –, a chegada de artesãos, comerciantes, camponeses e monges fez com que a população que era de 7 mil pessoas, em 1590, saltasse para 904 mil, em 1695, num dos maiores casos de densificação populacional da história. Ieyasu morreu em 1616, mas seus sucessores não pararam de promover o crescimento da cidade. Em 1635, uma lei promulgada por Iemitsu Tokugawa, neto do pioneiro, exigia que as esposas e os filhos primogênitos de todos os daimiôs do país fossem morar em Edo. Além disso, em anos alternados, os próprios daimiôs eram obrigados a passar uma temporada na cidade.

Essa forma de controlar os movimentos dos antigos senhores da guerra, garantiu o poder dos Tokugawa – e o crescimento de Edo – por mais de 250 anos. Em 1868, uma grave crise econômica aliada a pressões internacionais pela abertura do país causaram a queda do xogunato e o retorno do imperador Meiji. A corte foi transferida para a cidade, que passou a se chamar Tóquio. Hoje, pouco resta do apogeu de Edo na capital japonesa. O bairro de Nihonbashi, um dos mais antigos de Tóquio, marca o local das primeiras habitações. E apesar de não ser a mesma construção – o prédio foi destruído na Segunda Guerra – o palácio do atual imperador fica no exato lugar que abrigou a corte de Ieyasu.


A era Tokugawa
Mudanças iniciadas por Ieyasu influenciam japoneses até hoje
“Seu poder era absoluto e ele tratou de mantê-lo”, afirma Judy Price, historiadora americana, especialista no chamado período Edo, da história do Japão. Segundo ela, Ieyasu iniciou uma revolução social e cultural que só se completaria anos mais tarde, porém muitas dessas mudanças já estavam presentes nos atos do primeiro Tokugawa. “Ele dividiu a sociedade em classes estritamente separadas. No topo ficavam os samurais, em seguida vinham os donos das terras, artesãos, comerciantes e camponeses”, diz Price. “Esse sistema manteve-se assim por mais de 250 anos.” Outra obra dos Tokugawa foi o combate aos estrangeiros. Visando restringir o que considerava a má influência do cristianismo sobre a população, Ieyasu começou proibindo o acesso dos jesuítas ao país, num processo que só se agravaria, até que em 1633 fosse proibida a entrada de navios no Japão, assim como a saída de japoneses ao exterior.

Apesar do isolamento, o comércio e a agricultura não pararam de crescer. Especialmente na era Genroku (1688-1703), em que a cultura floresceu. O desenvolvimento comercial fez com que o poder econômico da classe mercantil ultrapassasse até o dos samurais. A partir daí surgiu o teatro Kabuki, o mais popular do Japão, como forma de protesto contra as classes dominantes.

A paz interna e externa fez com que os samurais se dedicassem não mais somente ao treinamento militar, mas também à filosofia, literatura, caligrafia e cerimônia do chá. “Os anos de isolamento fizeram, ainda, com que antigos hábitos fossem preservados. Assim, no século 18, quando os ocidentais voltaram ao Japão encontraram uma sociedade tradicional, diferente até de culturas com as quais os japoneses antes mantinham similaridades, como a chinesa e a coreana”, diz Price.

Na segunda metade do século 18, a crise econômica fez com que o governo elevasse impostos, o que provocou rebeliões. Quase ao mesmo tempo, aumentaram as pressões externas pela abertura do país. Finalmente, em 1853, os Estados Unidos forçaram o governo Tokugawa a abrir alguns portos para o comércio internacional. O velho Japão estava com os dias contados.


A última dinastia de Xoguns
Foram 14 Tokugawas até 1868, quando a crise interna e a pressão ocidental levaram ao restabelecimento do poder do imperador
Iemitsu (1623-51)

Filho de Hidetada, neto de Ieyasu, traçou as diretrizes que nortearam os governantes da dinastia. Ele eliminou algumas das prerrogativas do imperador e limitou o poder dos daimiôs. Expulsou os jesuítas e proibiu os navios estrangeiros de aportar no país, limitando os contatos comerciais a chineses e holandeses. Em 1637, enfrentou uma rebelião de samurais cristãos em Shimabara. Como resultado, mandou assassinar todos os portugueses do país, incluindo os diplomatas em Osaka. Para eliminar de vez o cristianismo, fez com que toda a população se registrasse em templos budistas ou xintoístas.

Tsunayoshi (1680-1709)

Conhecido como o “xogum cachorro”, ele governou durante um dos períodos mais tranqüilos de toda a história do país. Tsunayoshi nasceu no ano do cachorro, e um monge lhe disse que ele também havia sido um em uma vida passada. Excêntrico, emitiu vários decretos em defesa desses animais. Entre eles, estabeleceu pena de morte para quem os maltratasse. Também reverteu boa parte dos impostos pagos pela população para garantir uma dieta de arroz e peixe para qualquer vira-lata. Enquanto não se preocupava com seus melhores amigos, levava uma vida de luxos em seu palácio.

Yoshimune (1716-45)

O oitavo xogum da dinastia Tokugawa é considerado um dos melhores governantes da história do Japão. Realizou uma série de reformas que deram um novo fôlego ao xogunato. Obrigou seus assessores imediatos a estudarem para melhorar suas habilidades literárias e fez com que aprendessem os velhos mandamentos de disciplina dos antigos samurais. Eliminou o estilo de vida suntuoso que marcou seus antepassados diretos para viver com a mesma austeridade de Ieyasu. E, principalmente, adotou métodos eficazes para eliminar a corrupção.

Yoshinobu (1866-68)

O último xogum só conseguiu, depois de muita luta, assumir o poder em 1866. Dois anos depois, um grupo de samurais descontentes anunciou o golpe que restaurou o poder imperial. Yoshinobu não ofereceu resistência, esperando ocupar algum cargo no novo governo, mas seus conselheiros o recusaram e uma curta guerra civil estourou. As forças imperiais marcharam até Edo, e Yoshinobu finalmente conseguiu fazer com que seus homens se rendessem. Passou o resto da vida sem se envolver em política. Somente em 1902, o velho xogum foi perdoado e recebeu o título de príncipe.


Saiba mais
Livros

A History of Japan, George Sansom, Charles E. Tuttle, 1990 - Em três volumes, esse clássico dos clássicos traz a história inteira do país

Politics in the Tokugawa Bakufu 1600-1843, Conrad Totman, Harvard Press, 1967 - Traz uma apurada análise das políticas que mantiveram os Tokugawa no poder

Sites

www.samurai-archives.com - Tem informações sobre todos os líderes samurais, ilustrações e as bandeiras que carregavam

www.fjsp.org.br - Site da Fundação Japão, que tem uma maravilhosa biblioteca que empresta livros gratuitamente

Revista Aventuras na Historia

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