quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Crime político à americana

O assassinato de Lincoln por um radical racista foi uma vingança pela derrota dos escravocratas do Sul na Guerra Civil americana por José Chrispiniano

BIBLIOTECA DO CONGRESSO, WASHINGTON

À esquerda, Abraham Lincoln, o presidente que liderou a União contra os estados confederados do sul dos Estados Unidos, que defendiam a escravidão. À direita, seu assassino, John Wilkes Booth, um ator que se opunha à abolição e aos direitos políticos para os negros


Comparada com a segurança atual em torno do presidente dos Estados Unidos, o que impressiona na morte de Abraham Lincoln foi a facilidade encontrada pelo seu assassino naquela sexta-feira, 14 de abril de 1865.

John Wilkes Booth não teve qualquer dificuldade em alcançar o presidente no Teatro Ford, mesmo sendo público seu apoio aos confederados e o seu ódio pelo presidente.

Em 11 de abril, após assistir um discurso onde Lincoln defendeu o direito de voto aos ex-escravos, escreveu em seu diário: “Com nossa causa quase perdida, algo decisivo e grandioso tem de ser feito”.

BIBLIOTECA DO CONGRESSO, WASHINGTON


Fachada do Teatro Ford, em Washington, 1870

A morte do presidente fazia parte de um plano maior, que pretendia vingar o sul do país e estender a Guerra Civil (1861-1865). Os conspiradores planejavam matar mais três pessoas naquela noite: o vice-presidente Andrew Johnson, o secretário de Estado, William Seward, e o secretário de Guerra, Edwin Stanton.

Apenas o atentado de Booth deu certo. Sua fuga com os comparsas John Surrat e David Herold durou 12 dias, até ele ser cercado e morto em um incêndio numa fazenda da Virgínia.

Após viver a vida inteira em teatros, Booth trouxe para o palco da história americana o assassinato político, que se tornaria tragicamente comum no século XX, com as mortes de John Kennedy, de seu irmão Robert, e dos líderes negros Martin Luther King e Malcom X. Certamente Booth não ficaria nada feliz com a possível eleição de Barack Obama como o primeiro negro a presidir os Estados Unidos.

Historiográfico


BIBLIOTECA DO CONGRESSO, WASHINGTON

Cartaz de recompensa e rota de fuga de Booth e seus comparsas


1- No camarote presidencial do Teatro Ford, Lincoln estava acompanhado de sua mulher, do major Rathbone e de Clara, filha de um amigo do senador

2- Ator renomado, Booth teve passagem livre em todos os níveis do teatro, acessando a porta do camarote presidencial, e aguardou o momento exato de uma piada da peça, quando só haveria um ator em cena, e a risada da platéia encobriria o som do tiro

3- Booth contou também com a sorte. O segurança pessoal do presidente, John Parker, que deveria estar no camarote, tinha saído para beber

4- Booth usou uma pequena pistola para matar Lincoln. Fácil de ocultar, a arma foi disparada à queimaroupa, e o tiro atingiu a cabeça do presidente

5- Booth carregava também um punhal, com o qual atacou o major Rathbone após o disparo

6- Rathbone foi severamente ferido no braço e na cabeça pelo punhal de Booth, ficando atordoado

7- Escapando do major, Booth salta do camarote para o palco

8- Na queda, o assassino fratura um pequeno osso da perna

9- Mesmo mancando, Booth consegue andar até o centro do palco e gritar sic semper tyrannis (assim sempre com os tiranos)

10- Por uma saída nos fundos do teatro, Booth consegue fugir pegando um cavalo previamente estacionado na porta

11- No palco estava sendo encenada uma peça popular chamada Our American cousin (Nosso primo americano)

Infografia de Alexandre Mattiuzzi


José Chrispiniano É jornalista

Revista Historia Viva

Um comentário:

  1. Insano. Uma pessoas com pensamentos como Booth, não é normal. É louco. Possui uma mente alienada à coisas estúpidas e sem motivos!

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