quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A Cabanada

01/12/2008
Guerreiros da mata
No Nordeste, negros e índios lutaram lado a lado em sangrentas batalhas pela terra. A Cabanada pedia a volta de D. Pedro I.
Marcus J. M. de Carvalho
Uma guerra pode ter várias motivações. Enquanto alguns lutam por causas coletivas, como a independência política, outros se entregam a necessidades muito mais básicas e imediatas. Como terra, comida e o direito de viver “no mato”.
No turbulento período regencial – entre a abdicação de D. Pedro I (1831) e a maioridade de D. Pedro II (1840) –, vários conflitos sangrentos sacudiram o país. Boa parte consagrada nos livros didáticos: Balaiada, Sabinada, Guerra dos Farrapos. Mas um deles, ao contrário, permanece quase esquecido e provoca confusão por uma semelhança de nomes: a Cabanada aconteceu entre Pernambuco e Alagoas – e batizou a cabanagem, ocorrida no Pará anos depois.
Diferente de todas as outras, a Cabanada não foi uma contestação ao regime imperial autoritário, nem ambicionava a independência regional. Foi uma guerra das “gentes do mato” – índios, escravos, posseiros – em defesa de sua porção de terra.
Tudo começou bem longe dali, na cidade, e com motivação política. Em abril de 1832, no Recife, houve um levante de militares de alta patente e proprietários rurais. Eles estavam insatisfeitos com a reviravolta ocorrida desde a abdicação de D. Pedro I. A volta do imperador para Portugal provocara a anistia dos remanescentes da Confederação do Equador, que lutara pela independência da região em 1824. Agora, aqueles que haviam combatido a revolução e garantido a manutenção do regime perdiam o poder na província para seus adversários. Parte da elite local amotinou-se contra o novo governo provincial, mas foi facilmente derrotada. (...)
Revista de História da Biblioteca Nacional

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