terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cidade Maravilhosa, à beira-mar plantada

edição 19 - Maio 2005

O Rio de Janeiro se transformou sem perder sua beleza natural, realçada por recantos artificiais como a floresta da Tijuca.
por Mirian Ibañez


Cartão-postal do Brasil, no imaginário de quem quer que venha do exterior em busca de suas belezas, o Rio de Janeiro "continua lindo", como diz a letra da canção Aquele abraço, do agora ministro da Cultura, Gilberto Gil. A referência é especialmente relevante se compararmos paisagens antigas com atuais. É o caso da enseada de Botafogo. O contorno sinuoso ganhou esguias palmeiras, assim como prédios onde no início do século havia raras edificações quase debruçadas sobre o mar, em meio à vegetação nativa que não mais existe. O Rio de Janeiro ganhou seu maior adjetivo nos idos de 1934, quando o compositor baiano André Filho lançou a marcha carnavalesca Cidade maravilhosa, sucesso imediato transformado em hino.

A cidade foi fundada em 1o de março de 1565, por Estácio de Sá, sobrinho do 3o governador-geral do Brasil, Mem de Sá. Naquelas origens, o terreno urbano estava localizado na Urca, mas depois foi transferido, por questões de segurança, para o morro do Castelo. O progresso que viveu em seguida levou as autoridades coloniais a elevá-la a capital do vice-reino em 1763. Nessa condição, em 1808, recebeu a família real portuguesa, em sua mudança de domicílio para fugir à ânsia expansionista de Napoleão. E se beneficiou do status de centro de poder consagrado pela proclamação da República, em 1889. Só perdeu a primazia de capital federal em 1960, quando o governo central mudou para Brasília.

Inúmeras são as atrações desse urbanizado perímetro à beira da baía de Guanabara, a começar por sítios tão emblemáticos como o Cristo Redentor e o morro da Urca.
Desde as praias mais conhecidas, como Copacabana, a bairros com charme muito particular, como Ipanema, ela tem muito a oferecer para quem tenha disposição de desvendar seus recônditos. O morro de Santa Tereza, por exemplo, de onde se pode baixar nos velhos bondes que terminam a viagem nos Arcos da Lapa. Estes, construídos entre 1719 e 1725, serviam originalmente de aqueduto para o rio Carioca.


A paisagem exuberante se mescla à obra do homem através do tempo. A própria natureza, aliás, foi recriada ali, na floresta da Tijuca, reconstituída com suas espécies nativas em 1861, por ordem de D. Pedro II. A devastação aconteceu a partir do momento em que a corte portuguesa se transferiu para o Brasil, em 1808, porque o centro urbano se expandia e havia necessidade de usar madeiras como fonte de energia. Mais adiante, cafezais tomaram o lugar da cobertura original. A floresta, marco divisório entre as zonas Norte e Sul da cidade, integra um parque nacional com cerca de 33 km2, aberto à visitação e com pontos de muito interesse, entre os quais a pedra da Gávea. Outro ponto turístico marcante é o Jardim Botânico, criado em 1808 pelo príncipe regente, que mais adiante assumiria o título de D.João VI. Sua primeira designação foi Real Horto, plantado com mudas trazidas das ilhas Maurício.

Revista História Viva

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