quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Onde os mortos nunca dormem

Onde os mortos nunca dormem
Múmias revelam um passado sombrio da Sicília

Um rosto ressecado olha para o firmamento em uma catacumba italiana. Na Sicília, as múmias revelam detalhes sobre a vida e a morte de séculos atrás.
Foto de Vincent J. Musi

Um olho de vidro nos observa do rosto de um representante do povo em Palermo, que foi embalsamado o século 19, quando as antigas técnicas de mumificação estavam sendo substituídas por métodos modernos. De acordo com outras tradições, as entranhas do abdômen foram retiradas e o cadáver recebeu enchimento. Mas as pessoas que prepararam o corpo talvez também tenham usado uma das novas técnicas que estavam sendo exploradas por médicos em Palermo. Foi injetada na carótida, para frear o apodrecimento de maneira química, uma solução contendo arsênico, álcool ou mercúrio.
Foto de Vincent J. Musi


A capa escarlate e o chapéu negro nestes despojos em Palermo indicam que se tratava de um sacerdote. A maioria das múmias sicilianas é de clérigos ou notáveis ricos que subsidiavam os capuchinhos. Testes revelam que muitos padeciam de doenças ligadas a dietas abundantes.
Foto de Vincent J. Musi


Sob um halo de luz, um clérigo mumificado impera em seu nicho, em Piraino. As pessoas vão às criptas para orar pelas almas de parentes e pedir que intercedam por elas junto a Deus.
Foto de Vincent J. Musi


A pele fina e quebradiça feito papel velho de um clérigo em Piraino sobrevive porque os monges capuchinhos ressecaram o corpo logo após sua morte. O cadáver foi depositado num estrado para que seus fluidos corporais se escoassem. A ventilação removia a umidade, e ramos de ervas eram enfiados no corpo para mascarar o odor.
Foto de Vincent J. Musi


Com cada um dos tendões intactos, o pé de um representante do clero se sobressai das roupas mortuárias em Piraino. Esta múmia é uma das mais bem preservadas nas criptas da Sicília.
Foto de Vincent J. Musi


Alçapões diante do altar da catedral levam à cripta em Novara di Sicilia. Os santos eram enterrados sob os altares para assegurar proteção divina à igreja. Depois, passou-se a considerar que pessoas comuns também seriam beneficiadas com o hábito.
Foto de Vincent J. Musi

A tinta verde usada pelos vândalos que invadiram a cripta de Savoca em 1985 mancha a lapela de um homem do final do século 18 ou início do 19. Os restauradores já removeram as manchas das múmias propriamente ditas e agora trabalham para eliminar as marcas das roupas também.
Foto de Vincent J. Musi


Sob a catedral de Novara di Sicilia, do século 15, jazem seis sacerdotes mumificados. Sabe-se de pelo menos 50 múmias em Piraino e Savoca; cerca de 2 mil foram achadas em Palermo.
Foto de Vincent J. Musi


Em Palermo, ossadas jazem em fileiras macabras. Em 1599, corpos que se desidrataram naturalmente inspiraram os frades a mumificar os clérigos. Logo, outras pessoas quiseram ser mumificadas. "Era algo visto como um milagre", diz o antropólogo Dario Piombino-Mascali. "Uma intervenção de Deus".
Foto de Vincent J. Musi
http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-107/fotos/mumias-sicilia-478969.shtml?foto=9p

Revista National Geographic

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